Debaixo de um forte sol, a chama da Paralímpiada 2016
chegou a Natal na manhã deste sábado e recebeu uma grande festa no
ginásio Palácio dos Esportes, na bairro de Petrópolis. Com muita música e
emoção, os natalenses e o mundo inteiro foram os responsáveis pelo
acendimento da chama, por meio da postagem #Inspiração nas redes
sociais. Em seguida, a tocha foi acesa por Débora Seabra, portadora
de síndrome de Down e que é professora de uma turma de alfabetização em
uma escola particular na capital potiguar.
- Eu fiquei feliz demais e super emocionada. Eu já havia
participado do revezamento da Tocha Olímpica e, agora, fui convidada
para esse momento da Paralímpiada. Como sou professora, sinto muitas
emoções todos os dias e hoje eu vivi uma bem especial. Temos muitos
atletas potiguares na competição e espero que eles façam bonito. Nós
precisamos de mais inclusão e o esporte serve para isso - contou Débora.

Inclusão esportiva
A Chama Paralímpica percorreu seis instituições que
desenvolvem ações sociais e esportivas para a inclusão de portadores de
necessidades especiais em Natal: Ierc (Instituto de Educação e
Reabilitação dos Cegos do RN), Sadef (Sociedade dos Amigos do Deficiente
Físico), Apae (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais), Suvag
(para portadores de deficiências auditivas), Adote (Associação de
Orientação aos Deficientes), e Sociedade Professor Heitor Carrilho (que
desenvolve atividades educacionais e de inclusão social aos portadores
de necessidades especiais).
Clebson Dantas, que possui deficiência auditiva, também foi
condutor no revezamento da Tocha Olímpica em Natal, no mês de junho.
Corredor de rua, reforça que o esporte o fez ganhar um novo estímulo
para seguir na vida.
- É incrível sentir essa emoção, ainda mais em representar
uma instituição da qual eu faço parte como deficiente auditivo. É muito
gratificante e espero passar a mensagem de amor, e principalmente, de
igualdade. Passa uma história de vida da gente, da nossa família, dos
amigos. De uma certa forma, a gente está representando a família, os
colegas de trabalho e a população da nossa cidade - festejou Clebson.

A professora aposentada Fátima Badarô também conduziu o fogo paralímpico e não escondeu a emoção por ter sido escolhida para representar a instituição Adote, que auxilia os portadores de necessidades especiais com atividades educacionais.
- É um sentimento muito bom. Essa tocha significa tudo, alegria, emoção, êxtase. É momento único na vida da gente em ser escolhida entre tantas pessoas... É muita emoção, estou arrepiada - contou emocionada.
Pelas ruas da Cidade do Sol
A segunda parte do revezamento da Tocha Paralímpica em Natal começou por volta das 16h30, em frente ao Pontal do Sol, que fica na praia dos Artistas. O trajeto contou com 47 condutores, que se revezaram ao longo dos 8 Km de trajeto. A psicóloga e escritora Cícera Bruna, que tem paralisia cerebral, foi a responsável por iniciar o trajeto. Com a ajuda do pai e incentivada por familiares, se emocionou bastante e levou consigo o espírito olímpico. Aplaudida por alguns populares, disse ter realizado um sonho.
- Foi a realização de um sonho essa tocha. Não tenho palavras para descrever o que estou sentindo. Agradeço aos que me incentivaram nesse momento tão especial - comemorou a potiguar.

O percurso ainda passou pela praia do Forte e entrou no Canto do Mangue, região pesqueira no bairro das Rocas. No bairro da Ribeira, o fogo chamou a atenção dos moradores e comerciantes da região. A halterofilista potiguar Maria Rizonaide Silva também conduziu a tocha. Campeã dos Jogos Parapan-Americanos em Toronto, em 2015, "Tainá", como é chamada pelos amigos, disse ter carregado a tocha como se fosse uma medalha de ouro na Paralimpíada.
- Foi uma experiência sensacional. Eu senti uma emoção muito grande em participar dessa Paralímpiada, foi como se eu tivesse conquistado uma medalha de ouro. Já vivi emoções fortes, como essa foi muito impressionante - celebrou a atleta.

Emoção e despedida
Após percorrer algumas ruas do bairro da Cidade Alta, a Tocha foi levada, novamente, para o ginásio Palácio dos Esportes. O ex-nadador e primeiro medalhista potiguar em Paralimpíada, Gledson Soares, teve a responsabilidade de conduzir a chama nos últimos metros e acender a Pira com o fogo do calor dos potiguares. Aposentado, Gledson disse ter fechado com "chave de ouro" a carreira na natação brasileira (veja o vídeo acima).
- Eu já chorei muito, desde o momento em que desci do ônibus do comboio do revezamento. Eu comecei no esporte há 20 anos, me tornei o primeiro atleta paralímpico de natação do Rio Grande do Norte a ganhar uma medalha, e hoje, vejo todo esse evento e fico feliz em fazer parte da história dos Jogos. Já estou aposentado, mas sinto que hoje, com o acendimento dessa Pira, foi o encerramento da minha carreira como atleta e eu agradeço a todos vocês que um dia torceram por mim - comemorou.

Outro atleta da natação potiguar esteve na cerimônia e celebrou em dobro a presença da Tocha. Adriano Gomes de Lima embarca neste domingo para o Rio de Janeiro e vai participar da sexta Paralimpíada da carreira. Emocionado, agradeceu aos familiares e pediu a torcida para buscar uma medalha paralímpica.
- Estou embarcando amanhã para o Rio de Janeiro para participar da minha sexta Paralimpíada. Eu sofri um acidente na minha adolescência e, desde então, venho lutando para me incluir na sociedade. Eu ganhei uma nova vida no momento em que descobri o esporte e agradeço aos meus familiares por me apoiarem em minha carreira - disse Adriano.
A Tocha Paralímpica chega neste domingo a São Paulo. Na segunda-feira, é a vez da cidade de Joinville, em Santa Catarina, receber o fogo dos Jogos. Na terça-feira, a chama chega ao Rio de Janeiro e percorre vários espaços da cidade até a quarta-feira, quando será acesa a chama que vai iluminar o Estádio do Maracanã, na cerimônia de abertura.